domingo, 18 de julho de 2010

Tão de repente...

O relógio mostrava 17h20, do dia 23 de agosto, quando Franklin foi visitar a namorada em sua casa.
Chegou lá e só se ouvia os prantos do pai dela.
- Mirian está gravemente doente – disse César, em apuros. – Você sabe muito bem, Franklin. Seu quadro está piorando a cada dia.
Franklin de cabeça baixa, chorando, disse:
- Preciso falar com ela. Posso entrar em seu quarto?
- Não, não pode – respondeu sério e com veemência.
Franklin olhou com espanto, sem entender o motivo.
- Ela está no hospital com a mãe, passou a noite por lá. Pediu que não te avisasse, para não deixá-lo preocupado. Quando você ligou, ela não estava aqui e pediu que eu dissesse que estava dormindo. Desculpe-me, Franklin, odeio mentiras, mas ela anda muito envergonhada e com medo de perdê-lo.
- Não, ela não pode pensar isso! Eu a amo mais do que tudo e jamais a deixarei. Vamos vê-la imediatamente!
Mirian estava pálida, perdera muitos quilos e não tinha condições para pagar um médico particular. Ela sempre escondeu de Franklin sua doença. Revelou apenas dia 20 de agosto, quando completaram 2 anos de puro amor e ternura.
Ao vê-lo, lágrimas deslizaram de sua face e se perdia em seus lábios.
- Franklin, estou precisando ficar sozinha. Tenho vergonha de olhar para você – ao mesmo tempo que falava, cobria seu rosto com as mãos.
- Não, Mi... Não diga isso! Olhe para mim... Olhe! – Ela ergueu o olhar – Eu amo você, minha pequena. Agora preciso resolver uma coisa urgente para você.
Franklin foi procurar seu pai. Eles não mantinham contato diariamente. Pegou seu carro e foi procurá-lo.
Bateu na porta e de repente seu pai a abriu:
- Pai! – o abraçou e chorou longamente em seus braços.
- O que foi? Diga-me, meu filho!
- Eu preciso muito da sua ajuda – falou ele.
- Mas o que houve?
- Mirian, papai, ela está muito mal. Está morrendo. Há uma proliferação desordenada de leucócitos e de seus precursores em seu sangue. Ela no hospital sem recursos para pagar o tratamento. Está muito fraca e pode morrer a qualquer momento.
- Calma, filho! Vamos lá agora mesmo. Vou pagar seu tratamento.
Nuno, seu pai, se trocou rapidamente e entraram no carro. O celular de Franklin tocou. Era seu sogro dizendo:
- Franklin, espere um momento...
- Alô, Franklin – uma voz doce e rouca chamava pelo seu nome – Amor, estou morrendo. Por favor, me perdoe se te magoei escondendo tu... – Franklin interrompeu:
- Não, Mirian, não precisa se desculpar. Estou chegando. Espere-me, meu pai vai cuidar de você.
- Não, Franklin... Não há – ela parou, gaguejou e prosseguiu: - mais tempo. A... mo você. Não me esqueça jama...
A voz parou. O telefone caiu das mãos de Mirian. Imediatamente Franklin deu um grito:
- Nããããããããão...
Seu pai o abraçou e ambos choraram interminavelmente.


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