sábado, 17 de julho de 2010

Os riscos de uma aventura.

- Não sei porque você me trouxe aqui, amiga – falou Liza, enquanto pegava impulso para sentar-se numa suposta janela, de uma casa abandonada e destruída por alguns frequentadores.
- Ué, Liza... Cada semana visitamos algo inusitado e foi a minha de escolher dessa vez. Tantas e tantas aventuras, essa aqui é a mais simples - respondi, certa do que dizia.
- É meio sinistro isso aqui. Não tem nada para fazermos – respondeu, no mesmo instante em que acendia um cigarro.
- Liza, fizemos um acordo e você... – calei-me, sendo interrompida por algo que olhava do outro lado da parede, por um buraco.
- O que foi, Mag? Parece até que viu gente morta. Termine de falar.
Meu sinal sumiu no ar, andou para longe e jamais encontrou ouvidos. Nada do que ela falava, eu conseguia captar. Minhas pernas bambearam, minhas mãos estremeceram e perdi a pequena coragem que restava.
- Para de onda. Você não vai conseguir me assustar como eu fiz com você na semana passada. Foi tão engraçado – terminou Liza dando uma gargalhada.
Fiquei estática. Nenhuma palavra. Nenhum som eu conseguia ouvir. Aquilo me causava medo. Pavor.
- Você não vai me...
Ela desistiu de terminar a fala e desceu. Olhou pelo pequeno buraco e colocou a mão na boca. O cigarro, na mão esquerda, caíra no chão e só notava-se o cheiro da fumaça, embriagando o lugar.
- Precisamos sair daqui – respondeu Liza, aflita. – Este lugar é perigoso demais. Estamos correndo perigo. Como não pensamos nisso antes?
Um cara apontou a arma na cabeça de um adolescente, enquanto o outro arrancava-lhe as calças. Abaixou as suas e empurrou o corpo do menino, jogando-o no chão. As mãos do garoto, estavam postas nos restos de vidro que haviam. As feridas, imediatamente, começaram a surgir. Um dos caras segurou, com toda força, no quadril dele e começou a fazer movimentos bruscos. O sangue escorria entre suas pernas e o choro silencioso, começava a aparecer, na janela de sua face, desesperadora.
Ouviu-se um tiro. Os olhares foram trocados. Cavaram um buraco e enterraram-no.
Eles se comunicavam entre si, mas o barulho dos ventos impedia-lhes a audição.
Depois só ouviu-se o som do motor sendo ligado e cantando pneu.
Chegou ao fim o medo daquela aventura, que poderia ter acabado em mais duas mortes, antecipada de dores e arrependimentos.


Natalia Araújo