sábado, 17 de julho de 2010

A grande revelação


Era uma tarde fria e chuvosa. Estava conversando com Allison, pelo MSN. As recordações refrescaram-se em minha mente, até que a energia acabou e não pude compartilhar as lembranças.
Decidida, peguei o telefone e disquei seu número.
- Alô?- uma voz diferente, balbuciou.
- Allison?
- Sim, Catherine?
- Eu tenho algo que quero te contar, mas você tem que prometer nunca contar a ninguém.
- Eu prometo.
- Jura pela sua vida?
- Juro pela minha vida.
- Então preciso te encontrar e contar tudo. Não pode ser pelo telefone.
- O que aconteceu que você sumiu do MSN?
- Acabou a energia. Explico no caminho. Vamos lá na praça. Preciso desabafar.
- Tudo bem. Estarei lá.
Os galhos das árvores balançavam perdidamente. A chuva inundava as ruas, mas precisava encontrá-lo e compartilhar esse sentimento que devorava meus ossos.
- O que aconteceu, Catherine? – perguntou Allison, dando-me um beijo na face rosada e um abraço acolhedor.
- Preciso te revelar um segredo e você não pode comentar com ninguém.
- Conte. Já jurei que não falarei.
- Então sente aqui.
Ele sentou-se e eu emendei:
- Vou ser clara, sem enrolações. Lembra-se que eu matei o papai?
- Sim, claro. Como iria esquecer?
- Então... eu menti.
- Hã? Como assim?
- Não, eu não menti nessa parte. Eu matei sim, mas não foi em auto-defesa, como disse. Ele não tentou abusar de mim.
Allison arregalou os olhos e tentava tirar a continuação da história penetrando seus olhos nos meus.
- Eu planejei tudo. Fiz com que ele sentisse raiva e avançasse para me bater. Foi tudo planejado.
- Não, não pode ser.
- Pode sim. Vejo que não me conhece e se você me conhecesse de verdade, saberia que menti. Eu nunca comentei com você que ele abusava de mim. Pelo contrário... sempre disse que ele espancava a mamãe. Tinha dó dela quando via seus olhos machucados, ficavam roxos; a boca cortada, sangrando sem parar. Tem uma parte em sua cabeça, que não nasce mais cabelos, de tanto que ele arrancava com força. Tinha ódio de todas as coisas que ele fez. Então armei. Fiz o que ele mais odiava, durante um dia, e foi o suficiente para ele avançar em mim e me bater. Tenho as marcas dos arranhões, até hoje, em meus braços – enquanto falava, apontava a cicatriz. – Estava com a faca escondida em minhas costas, na calça e então perfurei sua cabeça com força. Ele caiu e ficou com os olhos de piedade, enquanto morria. Eu o vi morrer, suspirando por cada segundo e tentou forças para me pegar, mas partiu, sem conseguir.
Allison ficou sem ação, apenas disse:
- Você fez a coisa certa e meu silêncio, sobre isso, será constante. Eu amo você, querida amiga. Eu não teria conseguido fazer isso.Admiro sua coragem.
O abraço novamente acolhedor trouxe leveza ao meu corpo conturbado.



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